Terça-feira, 7 de Fevereiro de 2012

Ficam aqui os conselhos de uma pessoa que também foi vitima de Stalking

Tenho seguido a sua página no Facebook e vejo que, finalmente (e felizmente), começa a fazer-se alguma coisa sobre este assunto. Recentemente, após terminar uma relação de um ano, vi-me envolvida numa situação de stalking, com perseguições na rua, telefonemas, sms, mails, enfim, o “normal”. Não pretendo deixar o meu testemunho, pois penso que, embora haja casos mais e menos graves, por assim dizer, as histórias são invariavelmente as mesmas: mulheres e homens que durante ou após as relações são perseguidas pelo ex. O que gostava de referir é aquilo que, no meu entender, pode de alguma forma fazer a diferença, ou seja, diminuir o tempo de sofrimento da vítima. No meu caso, embora me tenha dirigido à polícia uma semana após terem começado as perseguições, só um mês depois apresentei a queixa formal. Porque me aconselharam a fazê-lo na polícia. Porque me disseram que é “natural” este tipo de atitude por parte de uma pessoa possessiva, controladora e ciumenta. Porque me disseram que ele ia “acabar por desistir”. Não, estas pessoas não desistem. Quem faz isto não “acaba por desistir”, a menos que alguém de direito, a Justiça, ponha termo à situação. Portanto, o meu primeiro conselho: apresentar a queixa de imediato, ainda que a perseguição seja recente. Insistir, ainda que o agente se mostre pouco recetivo. Na minha opinião, é igualmente importante recorrer à APAV. Apesar de não poderem fazer grande coisa, porque não há ninguém neste país que possa fazer grande coisa (por enquanto), dão conselhos utéis sobre a forma de atuar em relação ao stalker. Em último caso, ouvem-nos. E é bom sentir que alguém nos ouve e compreende, além da família e amigos. Outro conselho: guardar tudo o que é prova da perseguição. No meu caso, fiz um dossier com fotocópias dos mails, das páginas de Internet, guardei todas as sms e apresentei-os no momento da queixa. É útil, por muito que digam que não serve de prova. Por último, e no meu entender, a melhor forma de lidar com o stalker é ignorá-lo por completo, agir como se aquela pessoa não existisse, ou seja, nunca responder aos telefonemas, sms ou mails. Este foi um dos primeiros conselhos (úteis) que me deram na polícia, e que cumpri à risca. Excluindo as situações inevitáveis, como a abordagem na rua, é importante não reagir, ignorar. É importante dar a entender àquela pessoa que, para nós, é como se ela estivesse morta. A nossa vida, mal ou bem, tem de continuar. A minha continuou mal durante largos meses, mas quando o indivíduo foi, finalmente, chamado à polícia para ser ouvido, desistiu. Não faço a menor ideia do que lhe terão dito, mas a verdade é que desistiu. Espero eu que para sempre, embora nem sempre esteja cem por cento confiante disso.
publicado por Vítimas de Stalking às 19:05
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4 comentários:
De Filipa Gouveia a 20 de Fevereiro de 2012
Bom dia
Vi ontem a sua participação na grande reportagem na SIC. Revi-me inteiramente no que descreveu... terminei uma relação há mais de 4 anos e meio e sempre tive momentos em que me senti perseguida do ponto de vista psicológico. Considero-me uma mulher que, em teoria, deveria conseguir superar este tipo de situações. Sou vigiada, alvo de injúrias e difamações que ameaçam tornarem-se públicas. Vivo numa cidade pequena do interior onde tudo se espalha de forma assustadora e tenho um laço muito forte com o homem que me faz a vida num terror. Temos uma filha em comum de quase 8 anos.
Neste caso para além de me sentir completamente desgastada pela situação em si, também não sei o que fazer devido a termos uma filha em conjunto. Desde sempre que evito causar qualquer dano à minha filha e por isso ela costuma estar com o pai todas as semanas sem ele assumir qualquer responsabilidade na sua educação.
Tenho consciência de que não posso valorizar, nem viver assustada, mas é tudo mais forte do que eu...
As mensagens mais antigas já não as tenho, apenas guardo os mails que me envia desde o início do ano, que coincidem com o início de a aproximação de uma pessoa na minha vida. Os telefonemas insultuosos, a mim, à minha família... aos meus amigos... descrições de comportamentos menos correctos e "dignos" relativos à minha pessoa, são uma constante que me tem condicionado a minha vida.
Alguém tem uma ideia do que poderei fazer?
Obrigada
De Vítimas de Stalking a 20 de Fevereiro de 2012
Entendo que é difícil a sua situação pelo facto de terem uma filha em comum, mas vc n pode permitir que, por causa disso, vc deixe de ter vida. Parece-me que o primeiro passo a dar é na sua cabeça, ou seja, vc tem medo q ele espalhe as difamações que lança a seu respeito, mas tem de contornar isso. A primeira coisa a fazer é consciencializar-se q isso pode acontecer, faça vc o q fizer. Falo do assunto aos seus amigos e família, para q saibam aquilo por que está a passar. E guarde todas as provas q puder para o incriminar. Pode n ter dados suficientes para apresentar uma queixa ao dia de hoje, mas talvez o possa fazer no futuro. Arranje também testemunhas que possa juntar ao processo. Enquanto isso, tente ignorar as provocações dele o mais possível. Bem sei que com uma filha pelo meio é complicado, mas tente n o encontrar. Por exemplo, se tiver de lhe levar a sua filha, ou ir buscá-lá, peça a um familiar ou amigo que o faça por si. Se n for possível, fale com ele o menos possível e n reaja a provocações. Um stalker precisa de atenção e é isso que procura a todo o custo. Não lha dê. N responda a SMS ou emails, a menos q tenha a ver c a sua filha. Evite atender-lhe o telefone. Tente tratar de tudo via SMS. Experimente fazer isto para começar a ver se ele acalma. E vá acumulando provas, para o caso de ser necessário dar o passo seguinte. N sofra com a ideia de ele poder difamá-lá em grande escala. Se ele o tiver mesmo de fazer, vai ser impossível de evitar. Vai ver q com o tempo, e pq normalmente os discursos são exagerados e raivosos, as pessoas começam a duvidar da sua credibilidade. Força! :) vai correr tudo bem. Beijinho
De A. a 27 de Fevereiro de 2012
Excelente concelho. Fiz isso tudo por instinto. Menos reunir provas pq na altura não existia a tecnologia de hoje. Ignorei sempre, foi algo que me pareceu natural, correcto. Acho que percebi que o que ele queria era mesmo atenção. Dei-lha apenas uma vez, antes do stalking em si realmente «começar», quando repetiu um gesto agressivo que tentava passar por «acidente». Confrontei-o então, e acobardou-se. Nunca mais lhe dei atenção alguma, mesmo que me aparecesse à frente a suspirar, a cantar, a assobiar, a declarar-se... Ele era-me realmente indiferente.

Boa sorte para si, estes são bons concelhos. Espero que tudo lhe corra bem. Estou a torcer para isso.

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