Quarta-feira, 4 de Janeiro de 2012

Uma história impressionante que acabei de receber no blog por V.

"Dia 21 de Fevereiro faz 10 anos que me divorciei. Na altura violência doméstica apesar de ser crime público e numa pequena vila como a que eu habitava, era para ficar entre marido e mulher. Verdade seja dita, nunca tive uma única nódoa negra. Mas não conseguia ir ao supermercado sem ser acompanhada pessoal ou telefonicamente, a factura detalhada do telemovel tinha que ser explicada, o tempo que passada na internet era controlado, só falava na rua com quem me era permitido. A manipulação, o insultar-me, o tratar-me mal verbalmente era uma constante. Deixei de ser pessoa para ser uma coisa. Nas ultimas semanas em que vivi debaixo do mesmo tecto, era tirada da cama pelos cabelos e posta na rua, em pijama, descalça e tinha que implorar para entrar. Quando sai de casa, acompanhada por 3 GNR e depois de pensar que iria morrer porque... ele queria atirar-me da varanda porque segundo ele "se não és para mim não és para mais ninguém", voltei a casa dos meus pais. Claro que numa terra pequena e preconceituosa a culpa é sempre da mulher. Demorei 3h a que aceitassem queixa na GNR porque diziam-me eles "ó menina, é amor". Mas não: amor não é retirarem-nos a nossa alma e ser. Nos meses e anos seguintes, ele esperava por mim em frente ao meu local de trabalho em datas que tinham algum significado para nós. Até uma amante dele me procurou no trabalho, porque ele obviamente voltou a repetir o comportamento com outras pessoas. Claro que eu sempre fui a má da fita, mesmo para os advogados dele, e ele o bonzinho que foi magoado por uma mulher. Depois... fugi para longe, recomecei do zero, fiz terapia e tornei-me na pessoa que sempre fui, mas mais forte. Há uns meses ele tentou contactar-me: tive um ataque de pânico. Foi preciso amigos virem dormir a minha casa para me acalmarem e porque não conseguia estar sozinha. Era como que se o meu maior pesadelo se tornasse realidade: ele me encontrasse e me fizesse reviver tudo novamente! Apesar de tudo o que já fiz, de todo o tempo que passou, continua a ser a pessoa que tenho medo: medo que me encontre, que me persiga, que me magoe. Na alma. Não no corpo. Porque as nódoas negras curam-se. As feridas na alma ficam sempre abertas."
publicado por Vítimas de Stalking às 20:03
link | favorito
De isabel a 6 de Janeiro de 2012
Passei por uma situação parecida, mas hoje vejo, que sair depois de 2 meses de casada foi a melhor coisa que fiz, ainda que na altura fosse muita criticada por quem estava de fora, pois ele era um "modelo" de pessoa, hoje toda a gente dá me razão pq o fulano espanca a mãe! Mas na alltura eu vivia apavorada, não dormia e qdo ouvia aas chaves na porta eu quase q morria, mesmo qdo voltei pra casa dos meus pais eu tinha um pavor da noite, e sempres que ouvia a porta abrir ficava aterrorizada, até hoje choro, nem sei porquê, mas são raros os dias q não me lembro desses tempos, ja passaram 12 anos e tenho uma vida bastante boa e estavél!
De Vítimas de Stalking a 6 de Janeiro de 2012
Olá Isabel. Obrigada pelo seu depoimento. Não quer partilhar essa história com mais detalhe?
Comentar:

Mais

Comentar via SAPO Blogs

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.

Este blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.

.Autora

Maria João Costa\
Maria João Costa

.mais sobre mim


. ver perfil

. seguir perfil

. 5 seguidores

.pesquisar

.Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

.posts recentes

. Saiba a diferença entre o...

. Notícias: "Grávida assass...

. Holandesa é detida após l...

. Noticia: "ataca menor na ...

. Em Inglaterra são dados o...

. Atleta alemã revela ident...

. Três em cada quatro perse...

. A prisão de um "serial st...

. Fica a sugestão de um blo...

. Artigo sobre stalking - r...

.arquivos

. Julho 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

blogs SAPO

.subscrever feeds